
O custo da energia elétrica no Brasil representa um peso financeiro significativo nos orçamentos familiares. Na média urbana brasileira, o custo da eletricidade já compromete 4,5% da renda total. As tarifas residenciais acumulam alta de 13,64% em 2025 (janeiro a outubro), quase 3,7 vezes superior ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) geral do país, que fechou o período em 3,73%. Este crescimento no valor das faturas, impulsionado pela complexa estrutura tarifária, obriga milhões de brasileiros, incluindo a classe média e alta, a redirecionar recursos (que seriam destinados à poupança, educação ou lazer) para manter o padrão de consumo básico de eletricidade.
Os números estruturais revelam que o aumento de custos atinge o consumidor intermediário com desproporcionalidade. A classe média gasta, em média, 3,63% de sua renda total com eletricidade. Este percentual é quase 2,5 vezes superior ao impacto sentido pelas famílias mais ricas, que dedicam 1,56% de sua renda à mesma despesa. “Essa desproporção é a materialização da 'armadilha regulatória' que penaliza o consumidor intermediário: ele não tem acesso a subsídios, mas é obrigado a absorver a carga fiscal máxima, como a alíquota de 18% de ICMS imposta ao consumo que ultrapassa 200 kWh”, afirma Pedro Melo, CEO da empresa Performa Energy.
“O debate sobre energia no Brasil foi, por muito tempo, focado na infraestrutura de geração, mas hoje a pauta urgente é o acesso econômico e a liberdade de escolha. O que essa análise mostra é que o consumidor de classe média, que paga a conta cheia e sustenta a rede, é penalizado duplamente. A transição energética só será completa quando a economia e a sustentabilidade, antes acessíveis apenas a grandes empresas, se tornarem uma realidade a todos os pequenos comércios e aos consumidores residenciais, incluindo quem mora de aluguel ou em apartamento”, diz o CEO da Performa Energy.
Diante do cenário de pressão orçamentária, novos modelos de negócios buscam democratizar a economia no setor elétrico. A geração compartilhada (GD), por exemplo, permite que o consumidor “assine” um plano de energia solar sem custo de adesão ou obras, algo antes restrito a quem podia comprar e instalar os painéis.
Nessa modalidade, a energia é gerada remotamente em fazendas solares e injetada na rede da distribuidora local, gerando créditos que abatem a fatura do cliente. A Performa Energy, que já forneceria essa solução para pequenos comércios, expandiu sua atuação para o mercado residencial. O modelo foca em democratizar o acesso à energia limpa para públicos que antes não eram atendidos, como inquilinos e moradores de apartamentos, oferecendo uma redução que pode chegar a 20% no custo mensal da energia.