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Brasil terá primeiro projeto do mundo na metodologia VM0048

O Projeto Rio Preto, coordenado pela FutureClimate, que será o primeiro do mundo a operar sob a nova metodologia VM0048 da Verra, considerada o pad...

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Dino
16/09/2025 às 20h26
Brasil terá primeiro projeto do mundo na metodologia VM0048
Arquivos FutureClimate Group

O Brasil larga na frente no mercado de soluções baseadas na natureza em projetos de alta integridade, no ano da COP. O projeto Rio Preto está prestes a alcançar um feito inédito: a aprovação como primeiro projeto de conservação florestal do mundo na nova metodologia VM0048 da Verra, alinhada aos Core Carbon Principles (CCPs) do Integrity Council for the Voluntary Carbon Market (ICVCM). O marco coloca o Brasil na vanguarda dos mercados de carbono justamente quando o país se prepara para sediar a COP30, em Belém, no próximo ano.

Lançada em 2023, a metodologia VM0048 é considerada o referencial mais rigoroso já adotado para créditos de conservação florestal, com foco em clareza fundiária, gestão de riscos, proteção da biodiversidade e benefícios sociais mensuráveis. A Verra descreve a VM0048 como “um salto significativo em consistência, transparência e rigor científico”, substituindo as antigas linhas de base definidas caso a caso por um mapeamento jurisdicional de risco de desmatamento conduzido com dados independentes. Esse novo sistema utiliza uma década de dados históricos de desmatamento, modelos avançados e mapas de risco alocados para projetar as emissões evitadas de forma muito mais confiável. O Brasil foi priorizado na implementação do padrão: o país é um dos primeiros a ter acesso aos novos mapas de risco de desmatamento, já finalizados para os estados do Pará e Mato Grosso, com dados provisórios para Amazonas, Rondônia e Acre.

O projeto

O projeto, coordenado pela FutureClimate, uma das maiores empresas de negócios climáticos do Brasil - Verra/VCS ID 3049 - foi aprovado recentemente, em julho de 2025. Sendo o projeto mais avançado na nova metodologia, deverá ser o primeiro no mundo a emitir créditos sob esse novo marco. Concebido no modelo proprietário da FutureClimate, batizado “Beyond Carbon”, o projeto se estrutura em quatro pilares:

  • Integridade: conformidade legal, técnica e socioambiental;

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  • Biodiversidade: proteção do ecossistema amazônico;

  • Gestão de riscos: monitoramento e prevenção do desmatamento;

  • Impacto social: programas comunitários que geram benefícios para populações locais.

Entre as iniciativas já em andamento estão a criação de uma cadeia de produção de mel comunitário, uma parceria com a prefeitura para operar um viveiro de mudas nativas, e uma horta comunitária voltada à alimentação de crianças e idosos da região.

Prazos e escala

O inventário florestal de biomassa por hectare do projeto Rio Preto, última etapa de campo, está em curso, e será concluído em setembro de 2025, seguido por auditoria independente acreditada pelo VERRA em outubro. A revisão e avaliação final da Verra está prevista para novembro e dezembro, com a emissão dos primeiros créditos esperada para dezembro de 2025 – logo após a realização da COP30 no Brasil, marcada para novembro deste ano. Esse cronograma torna provável que o Brasil apresente, em pleno palco da conferência climática, resultados concretos de um projeto piloto sob o mais alto padrão de integridade existente.

O mercado

Analistas de mercado estimam que os créditos gerados pela VM0048 terão valorização significativa, com preços muito superiores aos dos chamados vintages antigos, reflexo dos critérios mais rigorosos e da crescente demanda por compensações de “alta integridade”. De fato, estudos indicam uma clara diferenciação de preço conforme a qualidade do crédito. Tommy Ricketts, CEO da plataforma de classificação BeZero Carbon, observa que hoje existe uma “correlação positiva” entre o preço de um crédito e sua nota de qualidade: “cada degrau na escala de rating implica cerca de 25% de aumento de valor”. Por outro lado, créditos de projetos legados e metodologias defasadas têm enfrentado descontos e desconfiança. Dados da MSCI mostram que o preço médio dos créditos voluntários despencou para cerca de US$ 4,8 por tonelada em 2024 – uma queda de 20% em relação a 2023 – justamente devido às preocupações com integridade de muitos projetos antigos. Compradores corporativos, contudo, já vêm mudando de postura: cada vez mais empresas buscam créditos de maior qualidade, ainda que custem mais, focando sobretudo em soluções com alta permanência (como remoções de carbono) que negociam a preços múltiplos da média de mercado.

Estratégia de compradores

Com a alta procura de compradores por créditos de alto padrão, a FutureClimate enfatiza que a escolha de quem adquirirá seus créditos não será guiada apenas pelo aspecto financeiro. “Estamos priorizando parceiros verdadeiramente comprometidos com a ação climática e com impacto real, e não aqueles que buscam apenas visibilidade em marketing verde”, declarou Laura Albuquerque, Chief Climate Officer da empresa.

Brasil no centro das finanças climáticas

O anúncio do primeiro projeto VM0048 ocorre em um momento decisivo para o Brasil. Como anfitrião da COP30, o país estará sob os holofotes internacionais para demonstrar liderança em soluções climáticas inovadoras e eficazes. Iniciativas como a da FutureClimate indicam aos investidores globais que o Brasil pode estruturar projetos de carbono em escala, com inclusão social e alinhados a padrões de qualidade reconhecidos no mercado. Um relatório da BloombergNEF sugere que a adoção de padrões universais e confiáveis pode impulsionar o mercado voluntário de carbono para um valor anual de até US$ 1,1 trilhão em 2050, versus apenas US$ 30 bilhões atuais.

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