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Brasil investe em potássio para reduzir dependência externa

O Brasil busca reduzir a dependência externa de potássio, importado em mais de 85% de países como Rússia, Bielorrússia e Canadá. Com o Plano Nacion...

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Dino
14/08/2025 às 13h27
Brasil investe em potássio para reduzir dependência externa
Potássio do Brasil

O Brasil inicia uma nova fase na busca por autossuficiência em fertilizantes, com destaque para o potássio, elemento vital para a produção agrícola. O país, uma das maiores potências do agronegócio mundial, importa atualmente cerca de 85% do adubo utilizado em suas lavouras, uma dependência que representa riscos logísticos, econômicos e geopolíticos. Diante desse cenário, o governo federal e especialistas do setor intensificaram os debates sobre o fortalecimento da produção nacional, combinando desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental e social.

A urgência desse movimento se intensificou com os efeitos colaterais da guerra entre Rússia e Ucrânia, que afetou o comércio global de fertilizantes, principalmente com os embargos aplicados a fornecedores como Rússia e Bielorrússia. Esses dois países, ao lado do Canadá, são os principais exportadores de potássio para o Brasil. A interrupção no fornecimento ou a oscilação nos preços desses produtos pode comprometer diretamente a produtividade agrícola e, em última instância, a segurança alimentar do país e do mundo.

Plano Nacional de Fertilizantes: uma resposta estratégica

Em 2022, o Brasil lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), com metas ambiciosas de reduzir a dependência externa entre 45% e 50% até 2050. A medida inclui incentivos a projetos de mineração de potássio, à modernização da indústria química nacional, além do fomento à pesquisa e à inovação no setor.

Segundo o Ministério da Agricultura, alcançar a autossuficiência parcial em potássio é estratégico para a estabilidade da cadeia produtiva agroindustrial brasileira. O plano também prevê o fortalecimento de parcerias público-privadas e o aperfeiçoamento da logística interna, como forma de escoar a produção de fertilizantes com menor custo e impacto ambiental.

“Fertilizante no Brasil é questão de soberania nacional e segurança alimentar”, afirmou o senador Laércio Oliveira durante sessão no Senado Federal.

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Autazes: potencial produtivo e debates socioambientais

Entre as iniciativas mais relevantes está o projeto de mineração de potássio na região de Autazes, no estado do Amazonas. A área abriga uma das maiores reservas conhecidas do insumo no país.

Entretanto, o projeto enfrenta resistência de organizações ambientais e representantes de comunidades indígenas locais. As preocupações incluem o risco de contaminação dos rios, impactos sobre a fauna e a flora amazônicas e o respeito aos direitos das populações originárias. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) acompanha o processo de licenciamento ambiental e reforça a necessidade de diálogo e transparência por parte das empresas envolvidas. 

Durante o seminário “Mineração no Amazonas: Desafios e Perspectivas para a Transição Energética e Segurança Alimentar”, o deputado estadual Sinésio Campos (PT-AM) destacou a importância de alinhar a atividade mineral aos objetivos da transição energética global e à promoção da segurança alimentar, enfatizando que:

“É fundamental que essa exploração ocorra com responsabilidade ambiental, respeito aos povos tradicionais e geração de valor para o nosso povo. A produção de fertilizantes a partir do potássio amazonense, por exemplo, tem impacto direto na segurança alimentar e na redução da dependência do Brasil em relação a insumos importados”.

Um dos licenciamentos mais rigorosos do mundo

O Brasil adota um dos processos de licenciamento ambiental mais complexos e rigorosos do mundo, especialmente quando se trata de mineração em áreas de floresta ou próximas a terras indígenas. A legislação exige a realização de Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto ao Meio Ambiente (EIA-RIMA), audiências públicas e o cumprimento de requisitos estabelecidos por órgãos federais e estaduais como o Ibama, a Funai e os conselhos estaduais de meio ambiente.

Essa complexidade, embora aumente o prazo para aprovação de projetos, serve como garantia de controle socioambiental. A Constituição Federal também impõe regras específicas para empreendimentos em áreas sensíveis, exigindo consulta prévia às comunidades afetadas.

Integração regional e diplomacia mineral

A pauta do potássio e dos fertilizantes também vem ganhando espaço no cenário internacional, como demonstrou a 1ª Conferência de Geologia e Mineração do Mercosul, realizada em junho de 2025, em Foz do Iguaçu, e organizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

Durante o evento, a ANM reforçou a importância de uma diplomacia mineral baseada em ciência, inovação e responsabilidade socioambiental, alinhada às demandas globais por segurança alimentar e redução da dependência de insumos importados. Os debates abordaram desde mecanismos para aprimorar o diálogo com comunidades tradicionais até estratégias para agregar valor à produção mineral e capacitar mão de obra qualificada. Essa articulação regional é vista como fundamental para posicionar o Mercosul, e o Brasil em particular, como protagonista na transição energética e no fornecimento estratégico de recursos como o potássio.

Potássio e segurança alimentar: um elo global

A crescente preocupação mundial com a segurança alimentar, impulsionada pelas mudanças climáticas e pelo crescimento populacional, reforça a importância de o Brasil assumir uma posição de liderança não apenas na produção de alimentos, mas também na cadeia de insumos estratégicos.

Organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) alertam que o mundo precisará produzir 60% mais alimentos até 2050 para atender à demanda global. Isso só será possível com sistemas agrícolas eficientes, tecnologicamente avançados e, sobretudo, resilientes a crises de insumos.

Ao investir na produção de potássio, o Brasil não busca apenas fortalecer sua agricultura, mas também se consolidar como um ator global de produção sustentável, combinando tecnologia, conservação ambiental e inclusão social, exatamente como explica Valter Casarin, coordenador científico da Nutrientes Para a Vida, ao destacar que esse insumo é essencial não somente para o crescimento agrícola, mas para o cuidado com o solo em benefício das gerações futuras.

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