O Cineclube O Homem de Areia, da Fundação Casa de José Américo (FCJA), exibe, na próxima quarta-feira (6), o documentário 'Menino 23: infâncias perdidas no Brasil', às 19h. Com entrada gratuita e classificação 12 anos, a exibiçãoocorreno Sesc Cabo Branco, situado à Avenida Cabo Branco, 2788, na orla da capital paraibana.

Após a exibição, o comentário da obra será de Analice Pereira, professora de Língua Portuguesa e Literatura de Língua Portuguesa do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), campus de João Pessoa.

Analice antecipa: “O filme ‘Menino 23: infâncias perdidas no Brasil’[2016 e com duração de 80 minutos], dirigido por Belisário Franco, é uma obra cinematográfica importante para conhecermos o nazismo alemão em território brasileiro e, por meio dessa discussão, entender também como o racismo se estrutura em nossoPaís”.

Para a professora, um elemento que chama a atenção nesse longa-metragem é, também, “o fato de a ideia de fazê-lo ter sido provocada por uma situação em sala de aula, quando o professor de história Sydney Aguilar, no momento em que explicava o nazismo alemão, uma aluna o interrompe para informar que havia tijolos marcados com a suásticaemuma fazenda nas proximidades de Campina do Monte Alegre”.Omunicípiofica nointerior de São Paulo, com pouco mais de seis mil habitantes e distante a 229 quilômetros da capital paulista.

A Fazenda Cruzeiro do Sul perto de Campina do Monte Alegre, comprada no começo do século passado pelo patriarca Luís Rocha Miranda e mantida pelos filhos, simpatizantes do movimento fascista brasileiro Ação Integralista Brasileira (AIB), foi palco de um esquema escravista e uma colônia assumidamente nazista, nos anos de 1930.

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Os irmãos Rocha Miranda empregaram cerca de 50 meninos órfãos negros batizados por números como escravos, trazidos do Orfanato Casa da Roda de Rio de Janeiro, poucos meses depoisdatomada de poder de Adolf Hitler, em 1933.

Na fazenda, foram descobertos diversos edifícios construídos com tijolos com a marca da suástica nazista. Depoimentos de sobreviventes, fotografias e documentos revelaram ainda símbolos e cerimônias tipicamente nazistas empregados na época, como a obrigação de fazer o “anauê”, saudação oficial entre os simpatizantes do movimento integralista.

O Cineclube O Homem de Areia é exibido mensalmente às primeiras quartas-feiras de cada mês, com programação escolhida por seus conselheiros, com variedade de gêneros.

De acordo com a programação já definida, em setembro será exibido ‘Os Miseráveis’, com comentários do crítico Andrès von Dessauer; em outubro, ‘Il terzo occhio’, de Mino Guerrini (em português: ‘O terceiro olho’), com comentários do psicólogo e psicanalista Henry Krutzen; em novembro, ‘Que mal fiz a Deus?’, com comentários de Andrès von Dessauer; e em dezembro, ‘Emergency’ (‘Emergência’), com comentários de Henry Krutzen.